terça-feira, 30 de outubro de 2012

ROBERT PLANT E O GUARDA-CHUVA

 
 
Segunda-feira, 29 de outubro de 2012
 

Sou um apaixonado tardio pelo grupo Led Zeppelin. Quando eles começaram a fazer sucesso no início dos anos 70 eu ainda estava muito ligado na Bossa Nova. Em termos de música internacional eu despertava para o rock progressivo e tomava conhecimento de grupos como Yes, Pink Floyd e Genesis. Achava, naquela época, o som do Led muito pesado. Só a partir dos anos 90 é que os álbuns do grupo passaram a fazer parte do meu acervo. A vinda de seu vocalista, Robert Plant a Porto Alegre, motivou minha expectativa em reviver os clássicos do Led Zeppelin.
Por morar não muito longe do complexo do Sport Club Internacional normalmente vou a pé para espetáculos no Beira-Rio e no Gigantinho. E por estarmos no horário de verão imaginei sair de casa pelas 19 horas e caminhar por cerca de 45 minutos até o local da apresentção de Plant, marcada para as 21 e 30 horas. Mas uma forte chuva se abateu sobre Porto Alegre exatamente na hora programada para a saída. Fui obrigado a chamar um taxi, escolher roupas adequadas e munido de um guarda-chuva tomar o rumo do Gigantinho. Ao chegar o momento de ingressar no ginásio meu guarda-chuva foi impedido de me acompanhar. Ao indagar onde deixar meu necessário equipamento para enfrentar a chuva fui informado de que não havia local para este fim. Simplesmente os guarda-chuvas e sombrinhas eram abandonados na porta do estádio. Ainda perguntei se alguem tomaria conta dos nossos pertences e a resposta foi de que ninguem cuidaria e provavelmente não haveria ninguem ali no final do show.  Dei por perdido meu elegante guarda-chuva da cor verde-musgo que trouxe de Paris e que me acompanha por longos 5 anos - tempo demais para que eu não perca este singelo protetor das águas.
Consegui um lugar razoável para apreciar o show que - confesso - não me empolgou porque os tais clássicos do Led Zeppelin foram substituídos por performances mais atuais do vocalista. Ao final, não esperei pelo bis com receio de ter dificuldades em encontrar um taxi, já que dez mil pessoas estavam no local. Na saída fui - sem muita convicção - em busca do meu verde companheiro. Um segurança que estava nas proximidades disse que eu poderia escolher o guarda-chuva que desejasse. Mas uma cuidadosa busca me fez visualizar meu parceiro parisiense. Claro, fui um dos primeiros a sair e não sei se todos teriam a minha sorte. A multidão permanecia no interiro do ginásio extasiada com o bis e, quem sabe, com os meus esperados hits do Led Zeppelin. Não me importei. Sem chuva e com o guarda-chuva debaixo do braço caminhei até minha casa, pensando que nem tudo está perdido. Reencontrar meu guarda-chuva me deu esperanças na humanidade.
 

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